Utilização de ácaro predador para o controle de mosca-branca

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Amblyseius tamatavensis Blommers é um ácaro predador que pertence à família Phytoseiidae e foi originalmente descrito da Ilha de Madagascar (Blommers, 1974). Atualmente, este predador é encontrado em mais de 20 países distribuídos em quatro continentes pelo mundo (África, Ásia, América do Norte e do Sul e Oceania). No Brasil, essa espécie é amplamente distribuída, e sua presença já foi relatada nos estados da Alagoas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Pará, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Roraima, São Paulo, Sergipe e Tocantins utilizado para controle da mosca-branca.

ASPECTOS BIOECOLÓGICOS

A família Phytoseiidae abrange mais de 2.700 espécies de ácaros predadores e dentre elas estão várias espécies que já são comercializadas no controle de pragas, como é o caso do Neoseiulus californicus (Neomip) e do Phytoseiulus macropilis (Macromip). Os ácaros desta família são encontrados principalmente sobre plantas, mas também podem ocorrer no solo. Além disso, têm com características importantes como a movimentação rápida, o comportamento fototrópico negativo, o corpo brilhante, o ciclo de vida relativamente curto e a reprodução do tipo pseudo-arretonoquia.

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Amblyseius tamatavensis (Amblymip).
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Phytoseiulus macropilis (Macromip).
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Neoseiulus californicus (Neomip).

Espécies do gênero Amblyseius são classificadas como generalistas, ou seja, se alimentam e se reproduzem em uma ampla variedade de presas. Amblyseius tamatavensis é um típico representante deste grupo, que se alimenta de várias presas e outras fontes de alimento, como outros ácaros, pólen, nematoides e ovos e formas jovens de pequenos insetos. E foi estudando o hábito alimentar deste ácaro predador, que se observou que ele podia se alimentar de ovos e ninfas de Bemisia tabaci.

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Bemisia tabaci (mosca-branca).

Bemisia tabaci (Gennadius), popularmente conhecida como mosca-branca, é um inseto-praga de grande importância econômica, que causa danos diretos e indiretos para uma variedade de culturas, como algodão, feijão, soja, tomate, melão, plantas ornamentais, hortaliças, entre outras. Os danos diretos se referem a alterações bioquímicas, fisiológicas, anatômicas e de desenvolvimento das plantas infestadas, podendo haver diminuição das reservas das plantas, com redução da produção e indução de desordens fisiológicas. Com relação aos danos indiretos, durante o processo de alimentação o inseto excreta uma substância açucarada sobre a qual se desenvolve um fungo (fumagina).  Além disso, este inseto também é vetor de mais de 128 vírus de plantas.

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Durante o processo de alimentação a mosca-branca excreta uma substância açucarada sobre a qual se desenvolve um fungo (fumagina).

CONTROLE

O controle desta praga/vetor é realizado principalmente com a utilização de produtos químicos. Entretanto, devido ao alto potencial reprodutivo, ampla gama de hospedeiros (que permite migração entre cultivos) e inúmeros casos de resistência a inseticidas, este método, em algumas situações, não tem sido tão eficaz. São poucos os produtos biológicos disponíveis no mercado, deixando assim o produtor com poucas opções de controle biológico.

Desta forma, percebe-se que a obtenção de novos produtos biológicos, como o A. tamatavensis é de extrema importância para o atual cenário agrícola. Este produto, que será lançado com o nome de Amblymip, é o primeiro ácaro predador registrado no Brasil para o controle de B. tabaci.

Em avaliações na cultura do tomate, foi possível observar que tanto áreas tratadas com produtos químicos quanto em áreas em que ocorreu a liberação deste ácaro predador, houve uma redução semelhante na densidade populacional de B. tabaci ao final do período experimental, demonstrando assim a eficiência deste predador no controle desta praga. Além disso, este ácaro predador também mostrou bons resultados no controle de B. tabaci em culturas de pimentão e pepino. Desta forma, o Amblymip chega ao mercado como um produto biológico promissor para a utilização em todas as espécies vegetais nas quais ocorre a B. tabaci.

Outro ponto importante, é que avaliações em laboratório mostraram que diversos tipos de produtos químicos são seletivos a este ácaro predador, possibilitando assim o uso deste produto biológico no manejo integrado de pragas (MIP), em conjunto com outros métodos de controle, como o controle químico.

O controle biológico vem assumindo importância cada vez maior em programas de manejo integrado de pragas, nos quais é frequentemente associado a outros métodos de controle, como cultural, físico, de resistência de plantas e químico. O maior uso deste método de controle de pragas pode contribuir para a melhoria da qualidade dos produtos agrícolas e do meio ambiente. Atualmente, observa-se que alimentos produzidos de forma mais sustentável têm ganhado espaço no mercado, possibilitando ao produtor agregar maior valor a seu produto.

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